sábado, 11 de setembro de 2010

Brincadeira da Minha Infância- Protocolo do Módulo de teatro

BRINCADEIRAS DA MINHA INFÂNCIA

Vivi minha infância na fazenda, portanto a maioria das brincadeiras estava sempre relacionada à natureza. Eu e meus irmãos subíamos em árvores, andávamos a cavalo, tomávamos banho no córrego e armávamos balanços nos galhos das mangueiras e disputávamos quem conseguia ir mais alto. Tinha sempre um no assento, segurando firmemente nas cordas laterais, outro impulsionando e os demais contando quantas idas e vindas cada um dava. Ninguém podia balançar mais que o outro. Adquiríamos nessa brincadeira o senso de igualdade. À noite, enquanto meus pais conversavam sentados no terreiro nós brincávamos de pique-pega, de passar anel, de pedir cantinho, mas a brincadeira que eu mais gostava era pegar vaga-lumes. Aquelas luzinhas voadoras me encantavam e, competíamos para ver quem pegava uma quantidade maior. Para mim, aqueles vaga-lumes voando no escuro eram como estrelas que se moviam no espaço. Também ia às caçadas de passarinho com meu irmão mais velho. Eu era a encarregada de carregar os passarinhos caso ele os matasse, como ele nunca conseguia matar um, eu ficava só passeando e dando umas estilingadas de vez em quando.
Como os vizinhos moravam longe e não nos visitávamos com freqüência, as brincadeiras eram sempre entre nós, irmãos, e muito livres. Em dias de chuva as brincadeiras eram outras, geralmente eram jogos de tabuleiros. Eu achava uma chatice. Para mim não tinha graça ficar dentro de casa jogando em tabuleiros, enquanto lá fora aconteciam tantas coisas interessantes. Era desagradável porque, às vezes, as brigas aconteciam, ninguém queria perder e sempre tinha um que trapaceava e a brincadeira acabava pois mamãe punha fim à confusão.
Nas férias, meus primos (duas primas e um primo) que moravam na cidade, Uberlândia, iam ficar conosco. Era sempre muito animado e fazíamos shows de calouros que eles sempre comandavam, já que eu e meus irmãos não éramos bons nisso pois não tínhamos TV. Éramos bons em outras coisas. Uma vez, minha prima foi atirar com o estilingue do meu irmão e em vez de atirar com a forquilha virada para o alvo, virou para o seu lado e a pedra acertou o seu dente, a metade voou longe. Tivemos assunto para a semana inteira, e não perdíamos oportunidade de fazer uma piadinha que sempre acabava com “esse povo da cidade que acha que sabe tudo“. E, assim ficava claro quem dominava o quê.
Hoje, vejo que as brincadeiras fizeram parte da minha infância de uma forma muito tranqüila. Nunca planejávamos do que íamos brincar, mas sempre nos divertíamos bastante e, através delas elaborávamos sem perceber, regras de convivência, de justiça e de igualdade.


Marilene Lopes de Araujo
Pós- Graduação em Linguagens da Arte
Profª Drª Ingrid D. Koudela

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